domingo, 11 de fevereiro de 2018

MEMORIAL POÉTICO MUSICAL CÊNICO.

Em 1983 eu estrei em teatro com a peça “A chegada de Lampião no Inferno”, uma compilação de textos em literatura de cordel feita pelo publicitário Jairo Lima. A montagem do mesmo deu-se dentro de um projeto de teatro aplicado à educação, produzida e dirigida pelo diretor e ator Joacir de Castro, memorável membro do MCP que nos anos 60 promoveu cultura e agitação política sob inspiração marxista em nosso Recife.

Em 1986, eu fui convidado pelo amigo Anderson Freire para atuar ao lado dele no GRUPO DE POESIA FALADA DO RECIFE. Uma trupe dirigida pelo saudoso diretor Carlos Varella, na qual o poeta José Mário Rodrigues e o professor Roberto Pimentel faziam leituras cênicas da poesia de João Cabral de Mello Neto, Celina de Holanda, Jaci Bezerra, Alberto da Cunha Melo, José Mário Rodrigues, Patativa do Assaré, Audálio Alves, Janice Japiassu, Manoel Bandeira, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardoso, Carlos Pena Filho e Fernando Pessoa. Eu atuei como músico (violão, cavaquinho e viola caipira), musiquei poemas de poetas consagrados, fui ator, fiz direção musical e tive uma música minha incorporada em um dos espetáculos. Foi minha maior escola de poesia brasileira e portuguesa, na qual pude conhecer  a obra de grandes ourives da palavra em língua portuguesa.

Em 1989, eu fundei, junto de Beto Vieira e Beto Nery o GRUPO DE ANIMAÇÃO CULTURAL DO SESC SANTA RITA , no qual , com mais colaboradores, entre eles Anderson Freire, fizemos  quatro espetáculos de teatro, três deles com textos poéticos dramatizados e musicados. O derradeiro, chamou-se NORDESTE NA MENTE, uma compilação de autores nordestinos de poesia, misturando autores de poesia dita erudita e acadêmica com poetas poesia popular nordestina, como sendo poesia matuta, repente e literatura de cordel. Foi nesse processo criativo e de pesquisa, que através da palestra ministrada por Neném Patriota de São José do Egito, que eu pude conhecer os vates repentistas e poetas da literatura de cordel. Aprendi as formas fixas e me tornei versejador nestes formatos, em 1999, eu publiquei eu primeiro cordel em décimas de dez sílabas “         O TRABALHO DE BRENNAND”, que foi minha estreia como cordelista.

Em 2005, sob coordenação do poeta José Honório, fundamos a UNICORDEL- UNIÃO DOS CORDELISTAS DE PERNAMBUCO, na qual permaneci por três anos. Uma entidade que congregava quase quarenta pessoas entre poetas, declamadores e pesquisadores ligados ao cordel. Produzi com esse povo dois CDs de declamação de cordel e uma coletânea sobre a vida de Luiz Gonzaga, encomendada pelo Memorial Luiz Gonzaga.

Em 2011, eu encenei meu espetáculo de educação ambiental em cordel BICHO HOMEM. Foi o coroamento de anos de aprendizado em poesia, experimentos de música e experiências cênicas. Fizemos muitas apresentações em comunidades, um projeto pra secretaria de educação do Recife visitando dez escolas e duas apresentações para um movimento social ligado à ecologia de viés socialista. Depois fiz, a partir de 2013, em eventos literários do SESC, uma versão para duas pessoas ao lado do poeta Clécio Rimas.

Em 2012, por três anos fiz o projeto QUINTAS DE MÚSICA E POESIA, no Bar Teatro Mamulengo, inicialmente em parceria com o poeta Clécio Rimas, depois incorporando uma trupe enorme de pessoas do mundo da poesia do Recife e região. Juntando um show de música popular com performances declamatórias.

Hoje, ao lado dos poetas e intérpretes Marlos Guedes, Odailta Alves e Valmir Jordão, fazemos o grupo ARTE EM MOVIMENTO DO RECIFE. Ao qual se incorporam a poetisa Mauricea Santana, a cantora Albinha Suliano, a atriz e cantora Suh Amorim entre outros que sempre aparecem e se juntam a nós. Nos apresentamos com mais frequência no CALDO DE BOTECO e na CASA CULTURAL VILLA RITINHA, ambos espaços que ficam na Rua da Soledade na Boa Vista. E assim, essa experiência musical, poética e cênica permanece, e nós estamos em dois espetáculos montados: CLAMOR NEGRO (,produção .autoria e direção de Odailta Alves e INTERLOCUÇÕES POÉTICAS (autoral de Allan Sales, Marlos Guedes e Valmir Jordão, com interpretações de poemas de outros poetas da nossa ancestralidade poética , sempre alinhavados com música autoral e instrumental de violão e viola caipira).

É isso aí meu povo!

ALLAN SALES






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