segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

SONETO AO PAJEÚ



Agradeço aos poetas sertanejos
Por me darem tal presente em poesia
Pajeú pátria mãe da cantoria
Dos trinados de viola benfazejos

Grandes vates improvisos e lampejos
Que fizeram no meu canto a alforria
São José do Egito nalgum dia
Foi-me fonte dos poéticos desejos

E de volta ao Recife ensolarado
Vi meu verso de sertão impregnado
Prosseguindo pelo mundo um menestrel

O meu canto sertanejo adormecido
Acordou-se para sempre enriquecido
Traduzido em torrentes de cordel

Glosas Cristãs de um poeta ateu



Mote de Valdir Teles e Louro Branco
I
Numa cruz o puseram na Judéia
Os judeus o mandaram pros romanos
Pra sofrer tais castigos desumanos
Barrabás sim gritou louca platéia
No calvário penou sob a alcatéia
E levou meio mundo de porrada
Numa cruz teve vida enfim ceifada
Na maior tão cruel vil tirania
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
II
Ao voltar vai achar falsos profetas
A vender salvação por dez por cento
Vai notar que até lá num convento
Também tem muitas coisas incorretas
Se Jesus nos mostrou as boas metas
Que cristãos por aí fizeram nada
Cristandade demente e depravada
A levar muita vida na orgia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
III
Vai notar que mentiras inventaram
Pra manter no poder tantos impérios
Ver chacal proferir mil impropérios
Pra ter grana que ali porcos juntaram
Pois Jesus suas frases deturparam
Pra fazer em seu nome uma cilada
Enganar tanta gente bem ferrada
E pregar por aí a hipocrisia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
IV
Achar fé por aí virar negócio
Ver igreja falar com intolerância
Ver reinar com seu nome só ganância
A fazer de Jesus como seu sócio
Pra vender salvação como consórcio
E juntar a fortuna desbragada
Satanás Lúcifer nesta parada
Pra assustar os fiéis com histeria
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
V
Ao voltar vai punir muito safado
Que se esconde por trás duma batina
Pra tarar bolinar numa menina
Ou menino se for padre e viado
Vai Jesus detonar padre tarado
Condenar esta malta desgraçada
Quem negou não puniu gente safada
Que acoitou sem punir pedofilia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VI
Vai Jesus se arretar ao ver mentira
Ao ver guerra senil que gera grana
Pra manter tanta coisa desumana
Que mantém só seu lucro como mira
Mas não vai detonar a pombagira
Pois Jesus é um cabra camarada
E não vai detonar fé da negrada
Pois Jesus vai além da liturgia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VII
Perceber como tem cabra ladino
Professando na fé de intolerante
Pra manter seu rebanho ignorante
Lamentar nesta fé triste destino
Pra juntar patrimônio de suíno
Ver a fé muito mal interpretada
Pois mudou a lição bem ensinada
Que pregou revelou com energia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
VIII
Vai achar este mundo revirado
Sem moral bagunçado em todo canto
Ver padreco coiteiro virar santo
Seu Karol com a CIA amancebado
Virar santo pra ser bem festejado
Mas Jesus vai fazer coisa acertada
Separar joio e trigo na jornada
Vai saber detonar toda anarquia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
IX
Mas vai ser novamente perseguido
Por poder sacripanta de um fascista
Que mantém tal sistema escravista
Mas Jesus vai voltar bem prevenido
Pois na cruz não vai ter prego batido
Vai cuidar de sua gente explorada
Que não vai numa cruz ser mais pregada
Torpe cruz do poder da burguesia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
X
Vai voltar pra ferrar e com razão
Detonar que botou tal fé no lixo
Quem tratou seu irmão pior que bicho
Quem pregou pra ganhar mais de milhão
Quem cobrou dez por cento a salvação
Na TV fez na fé só palhaçada
Falseou o evangelho essa cambada
Praticantes cruéis da simonia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
XI
Jesus Cristo morreu sem ter pecado
Demonstrou seu amor com plenitude
Faleceu no vigor da juventude
Mas depois foi assim ressuscitado
Pra subir para o céu bem consagrado
Prometeu retornar palavra dada
Quem tornou sua fé avacalhada
Não merece perdão nem garantia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada
XII
Vai voltar pra tornar seu mundo justo
Detonar destronar todo tirano
Pois do céu vem seu gesto soberano
Quem penou quem sofreu pagou seu custo
O perverso poder vai levar susto
Quando ver ele vir dar uma lavada
Faxinar esta Terra esculhambada
Implantar o seu reino de harmonia
Quando o filho de Deus voltar um dia
Vai achar pouca gente preparada

A fé remove montanhas/ Terraplenagem também



Existe quem tem a fé
E em algo acredita
O ateu desacredita
Cada um faz o que quer
Mas a razão é mister
A toda hora convém
Existe o mal e o bem
Do destino as artimanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Tem cristão tem muçulmano
Tem judeu e tem budista
Tem hindu e umbandista
Tem fanático e insano
Cada um tem o seu plano
É um grande vai e vem
O radical tem desdém
E fala coisas estranhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

O ateu e comunista
Acredita na matéria
Sua teoria é séria
Tem também o anarquista
De toda fé ele dista
Muçulmano tem harém
O pastor cobra um vintém
Buda tem as suas banhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

E teve a tal da cruzada
E a cruel inquisição
Fé com tortura e prisão
E gente morrendo assada
A fé nos é ensinada
De uma vida no além
Muito romeiro porém
Faz com a fé as barganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Há quem despreza a Ciência
Teoria evolutiva
Muita gente se esquiva
De pensar com sapiência
Uma cega obediência
Muita gente louca tem
Uma fúria sem porém
Qual um bando de piranhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Há quem cobre dez por cento
Há que não nos cobra nada
Comunista camarada
Também cobra tal provento
Pra manter o movimento
Os dez por cento mantém
O tal budista é tão zen
Que não devora lasanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Pai de santo macumbeiro
Fé de origem africana
Fé origem indiana
Que tem pra mais de milheiro
Seu Macedo tem obreiro
Junta milhão mais de cem
De Roma a Jerusalém
A fé possui muitas manhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

E quem acredita em Deus
Crê também no Satanás
O capeta satisfaz
Toda fé dos fariseus
Que só quer o bem dos seus
E o Papa dizendo amém
Proíbe clonar o gen
Faz puritanas campanhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Quando veio para o mundo
Jesus Cristo foi artista
E dançou frevo na pista
No forró de Edmundo
Foi quando Pedro segundo
Foi comprar um Voltarem
Pois não se sentia bem
Pois brigou com dois meganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Fica o dito por não dito
Acredite se quiser
Ou então quando puder
Vá folheando um escrito
Da fé que dá veredicto
E não perdoa a ninguém
Guarda grana em armazém
Que levar o que tu ganhas
A FÉ REMOVE MONTANHAS
TERRAPLENAGEM TAMBÉM

Allan Sales




Eu me chamo Allan Sales
Natural do Cariri
Vim do Crato pro Recife
Até hoje vivo aqui
Nesta terra hospitaleira
Na Veneza Brasileira
Onde criei-me e cresci