quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

....DIVAGARES....


Este canto profundo que nós temos
Lá bem fundo a mente nossa alcança
Tudo, tudo, aquilo que vivemos
Desde os tempos remotos de criança


Pois saber bem ao certo nós sabemos
O que pode tempestade ou ser bonança
Este porto seguro que queremos
Que mantemos acesa na esperança


As tormentas da vida nos assolam
Lamaçais de emoções que nos atolam
Guerra e paz no seguir duma existência


Cabe a nós ler a carta do caminho
Só por nós divagar, mente e sozinho
Neste poço tão fundo, a consciência



ALLAN SALES

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

PONDO LUZ NA ESCURIDÃO


DEDICADO À MESTRA EM PSICOLOGIA VERINHA MOURA.
                I
A cultura popular
De cordel em poesia
Vem aqui pra comentar
Sobre psiquiatria
Pra contar uma história
Sobre uma trajetória
Cujo tema desafia
                II
Vou falar de uma Maria
Neste mundo tão cruel
Foi menina e foi moça
Foi mulher tudo a granel
Projetou no casamento
Como ápice momento
Sonhos neste carrossel
                III
Amor de lua de mel
Busca de uma verdade
Sublimar de amor carnal
Busca da felicidade
Mas o sonho que acaba
Na real ele desaba
Mostra a realidade
                IV
Enfim a maternidade
Como fruto desse amor
Buscar do seu próprio sonho
Profissão, saber , labor
O machismo abusivo
Ao tornar-se invasivo
Quer lhe desbotar a cor
                V
Invasivo e opressor
Cultivando a amargura
Sonho de se libertar
Foi tachado de loucura
O marido ardiloso
Pôs num ciclo perigoso
Onde diz-se ter a cura
                VI
Ela na sua procura
Teve que “enlouquecer”
Explodiu numa catarse
Na tortura de um sofrer
O marido internaria
Na tal psiquiatria
Onde teve o padecer
                VII
Custou caro pode crer
No inferno mergulhou
Foi dopada fortemente
Doze drogas encarou
E assim o tratamento
O seu entorpecimento
Onde o ego se embotou
                VIII
Amargura não curou
Ante tanta indiferença
Apostando só nas drogas
Com algo que compensa
E nos corredores frios
Nos torpores desvarios
Sua mente já não pensa
                IX
Sua dor interna intensa
Que não enxergou doutor
Toda carga emocional
Nas catarses com furor
Mas a droga todavia
Só embota e alivia
E não cura a real dor
                X
Tudo cinza viu a cor
Por ali entorpecida
A real causa de tudo
Não vista não combatida
Tudo aquilo que tomou
Que só potencializou
Padecer em sua vida
                XI
Sentiu-se agredida
Pela ação de alguns doutores
Que oferecem só prisões
Como um circo de horrores
Que aplacam o efeito
Mas à causa não dão jeito
A real razão das dores
                XII
Sua vida perdeu cores
O seu corpo enrijeceu
Sua fala embolada
Todo tônus que perdeu
Catatônica estava
Com dificuldade andava
Sua filha percebeu
                XIII
 E assim aconteceu
No afeto embotada
E sem orientação
Por aí tão desolada
O seu eu fragmentado
O seu corpo sequelado
Parte da vida roubada
                XIV
Pela filha foi levada
Para outro tratamento
Uma amiga da família
Psicóloga um alento
Uma boa terapeuta
Também fisioterapeuta
Diferente seu intento
                XV
Pois viu que medicamento
Que ela estava impregnada
E tratou de reduzir
O que fora receitada
Com trabalhos corporais
Foram bem fundamentais
E deixar-lhe aliviada
                XVII
Tanta dor ali plantada
Rigidez pra toda ação
E nos três primeiros meses
Grande a transformação
Melhorou dor muscular
Rigidez articular
Que lhe deu outra feição
                XVI
Antes disso ela então
Em sua casa se prostrava
Sem tomar banho de sol
Neste poço se afundava
Em seis meses melhorou
Sua fala que voltou
Como antes que falava
                XVIII
A mulher apresentava
Novo modo salutar
Venceu todas as fobias
Ao se reabilitar
Terapia com afeto
Algo simples bom direto
Que veio lhe resgatar
                XIX
E não mais coisas tomar
Pra embotar a consciência
Ser dopada em excesso
Que até causou demência
Exageros prescrevidos
Superados esquecidos
Que mostrou eficiência
                XX
Os saberes da ciência
A mostrar novo caminho
Cada um de nós um caso
Se tem mente em desalinho
É saber causa primeira
Como Nise da Silveira
Fez com tantos com carinho
                XXI
Correr do modo daninho
Em excesso alopatia
Que aí tantos prescrevem
Prosseguindo nesta via
E buscar alternativa
Ocupacional criativa
Na psicoterapia
                XXII
Embasado em teoria
Seguiremos certamente
Achar ponto de equilíbrio
Modo mais eficiente
E assim em novo plano
Ver ali um ser humano
Muito mais que um paciente
                XXIII
E assim daqui pra frente
Todo questionamento
Sobre real validade
Das formas de internamento
Uma nova experiência
Que mostrou eficiência
Um sucesso em seu intento
                XXIV
A ciência por fomento
O saber em sua ação
Ser humano integral
Consciência nossa então
Coma afetividade
Acolher nova verdade

Pondo luz na escuridão.