domingo, 9 de setembro de 2018

BAIÃO DO ASFALTO


Baião que faço que não fico só/ Juntando notas caio num forró
O meu poema nordestino vem / De um Cariri de um Pajeú também
E na viola que eu arrocho o nó
Baião de cearense que mora em Recife
Não sobe no salto, se ele vem do asfalto
Que importa enfim
Gonzagão fala alto, mas escuta Jobim

Da Paraíba vem a minha avó e potiguar mãe e avô que vêm
Do Maranhão povo do meu pai
De Pernambuco filhos querer bem
Um baião nesse tempo juntar os acordes
Vestir melodia e buscar harmonia
Moderno e tradição
Se fazer poesia galopar num baião..

            ALLAN SALES

sábado, 8 de setembro de 2018

Gatalí


Acorda e corre buscando destino
Nas coisas nas letras que ama que cria
Ter tempo pra tudo e ser poesia
Que emana da alma sertão nordestino
Um sol de poema brilhando a pino
Olhar de mulher sentir e pulsar
Que nada no mundo irá lhe podar
Vontades desejos e tudo que emana
A deusa que é negra princesa baiana
Bahia formosa do teu versejar

O dia que passa buscar é preciso
Endoida o juízo de todo vivente
Assim é o mundo que se faz presente
Sinais viscerais nos dando esse aviso
Princesa baiana de lindo sorriso
E tudo que queres assim conquistar
Importa teu sonho pra realizar
Vislumbra horizonte que guarda na vista
Se de Mata Verde vitórias conquista
Bahia formosa do teu versejar

A noite chegando a gata manhosa
Se ajeita no ninho gostoso dos sonhos
Esquece cansaço de dias medonhos
Felina ciente de si poderosa
Menina traquina que vai toda prosa
Sertão da Bahia raiz e lugar
De onde o poema que rima sonhar
Em toda palavra traduz sentimento
E vai Gatalí num lindo momento
Bahia formosa no teu versejar...


ALLAN SALES

domingo, 2 de setembro de 2018

Deusa negra da Bahia

Em Moreno fui feliz
Quando vi formosa dama
Dessas que acende a chama
Quando olha e no que diz
Um poema eu lhe fiz
Foi um mimo em poesia
Ela pega a rodovia
E pra longe viajar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Eu fiquei abestalhado
Vendo ali tanta beleza
Com seu porte de princesa
Que deixou-me extasiado
Eu que fui enfeitiçado
E o que eu mais diria
Eu tocando a melodia
Ela ali a me filmar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Natalí moça faceira
Aumentou-me a pulsação
Acelera um coração
A baiana tão mineira
Eu fitei olhei inteira
Vi ali só harmonia
Coisa que a Bahia cria
Faz a gente apaixonar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia     


Pena que ela vai embora
Vai deixar aqui saudade
Sua afro identidade
Tudo que nos acalora
Sonho o dia sonho a hora
A espera desafia
O destino assim desfia
Para nós verbo sonhar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Guarde sim o meu poema
Que eu te guardo em coração
Guarde lembre da emoção
De fazer de ti meu tema
Guarde o sonho lindo lema
Que aqui na fantasia
Guarde o verso essa folia
Que aqui vou te esperar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Digo que não é ousado
Deusa negra que tu és
Todo mundo aos teus pés
E um poeta apaixonado
A Bahia é lindo estado
Onde lá tens sintonia
E pra cá trouxe alegria
E paixões pra despertar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia     

Volte logo linda flor
Venha logo bem ligeiro
Que meu verso estradeiro
Mostrará todo fulgor
E assim aonde for
O que mais eu te diria
Mil poemas eu faria
Até o dia assim chegar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

No sertão torrão baiano
Sendo flor desse jardim
Eu versejo tudo assim
O cordel sendo meu plano
Com um verso soberano
Procurando a maestria
Versejando nessa via
Sou feliz por te encontrar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Vou rezar numa igreja
E também no candomblé
Vou rezar em toda fé
Pra te ver flor sertaneja
Meu poema na peleja
Raia num final de dia
O metrô eu pegaria
Pra de novo me encantar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia     

Mas não vai ficar sem graça
Quem a graça toda tem
Despertando um querer bem
Onde negra linda passa
Meu juízo na fumaça
Ele mais aqueceria
E o juízo eu perderia
Se junto fosse ficar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Junto a ti é o paraíso
Se estás: melhor que o céu
Eu que sou um menestrel
A fazer verso conciso
Tiro versos do juízo
No cordel alegoria
Tu que tens a alquimia
Soube me enfeitiçar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia

Encerrando este cordel
Para linda flor baiana
A distância é tirana
E saudade é um carrossel
Ponho versos no papel
E depois publicaria
E pro mundo espalharia
O que sinto ao versejar
Rezo pra logo voltar
Deusa negra da Bahia      







Mote extraído de poema de William Blake

Sertão, Ascenso Ferreira ALLAN SALES. MARLOS GUEDES

Bela felina




A flor tão bela temperada em melanina
Que beleza de menina que o Nordeste assim criou
Quando ela chega todo encanto se revela
Eu aqui canto pra ela o meu xote trovador

Vou embolando esse verso de primeira
Pra fadinha mais faceira que o mundo revelou
E no embalo desse xote eu sigo inteiro
Meu cantar de brasileiro na sina de cantador

Bela felina a tez morena neste litoral
O verso que começa aqui termina
Encantado é minha sina em um sonho musical

Coisa mais rara toda graça feminina
Ao que ela se destina toda luz da sua cor

O seu mistério mais profundo é coisa dela
Lindos sonhos que tem ela
No jardim formosa flor

A sua fala tem o dom de alma brejeira
Tudo assim que ela queira
Sob o sol seu resplendor
Cantar meu xote ver sorrir linda menina
Garimpando nesta mina joia de um compositor..

Bela felina a tez morena neste litoral
O verso que começa aqui termina
Encantado é minha sina em um sonho musical


ALLAN SALES


domingo, 25 de fevereiro de 2018

A certeza a incerteza
Como tudo neste mundo
Todas cartas sobre a mesa
Epiderme ou ir a fundo
Assim somos todos nós
Entre contras e os prós
Entre o mar aberto e o porto
Muitos querem tudo pronto
Temem zona de confronto
Querem zona de conforto..
ALLAN SALES

A banda do Zé Branquinho


Show de Chico Buarque no Recife, ingressos R$ 490.00 e R$ 250,00


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver o Chico cantar
Mas o ingresso era um horror
A minha gente fudida
Achou tão caro o valor
Pra ver o Chico cantar
Mas o ingresso era um horror

A classe média que contava dinheiro chiou
E um bicheiro que era mesmo bombado topou
E a namorada que contava as moedas
Parou para ver achou foi sacanagem

Moça lisa que vivia lascada nem viu
A turma triste que vivia lombrada fugiu
E a moçada toda se arretou
Sem grana pra ali gastar
Ingresso caro um horror


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver o Chico cantar
Mas o ingresso era um horror
A minha gente fudida
Achou tão caro o valor
Pra ver o Chico cantar
Mas o ingresso era um horror

Um velho fraco que coçava seu saco gostou
Aposentado era um magistrado e pagou
A moça feia que batia panela
Pensando que Chico comuna a mazela
A produção que espalhou na internet e saiu
Carteira cheia de quem tinha bufunfa se abriu
A classe média baixa se arretou
Sem grana ali pra gastar
Ingresso caro um horror

Mas para meu desencanto ingresso ali não baixou
Tudo tomou seu lugar depois que o Chico cantou
E cada qual no seu canto, em canto um pavor
Depois do Chico cantar quando o boleto chegou
Depois do Chico cantar quando o boleto chegou



ZÉ LIMEIRA, psicografado por Allan Kardec do Nascimento Sales.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Soneto em meio de madrugada.

Quando tudo em volta se fechar
E o tempo feliz for só lembrança
E o tudo e o nada misturar
Até onde da gente não alcança
Ver aí um momento de pensar
Que o perdão que se tem ainda cansa
Pra seguir doutro modo de andar
E buscar pós tormenta uma bonança
Naufraguei mas segui pra ver destino
Por sonhar com o impulso de um menino
O que tem esta vida a oferecer
Se chorar consolar secar o pranto
Prosseguir ter no verso o acalanto
Sempre foi sempre é assim vai ser...
ALLAN SALES

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

domingo, 11 de fevereiro de 2018

MEMORIAL POÉTICO MUSICAL CÊNICO.

Em 1983 eu estrei em teatro com a peça “A chegada de Lampião no Inferno”, uma compilação de textos em literatura de cordel feita pelo publicitário Jairo Lima. A montagem do mesmo deu-se dentro de um projeto de teatro aplicado à educação, produzida e dirigida pelo diretor e ator Joacir de Castro, memorável membro do MCP que nos anos 60 promoveu cultura e agitação política sob inspiração marxista em nosso Recife.

Em 1986, eu fui convidado pelo amigo Anderson Freire para atuar ao lado dele no GRUPO DE POESIA FALADA DO RECIFE. Uma trupe dirigida pelo saudoso diretor Carlos Varella, na qual o poeta José Mário Rodrigues e o professor Roberto Pimentel faziam leituras cênicas da poesia de João Cabral de Mello Neto, Celina de Holanda, Jaci Bezerra, Alberto da Cunha Melo, José Mário Rodrigues, Patativa do Assaré, Audálio Alves, Janice Japiassu, Manoel Bandeira, Ascenso Ferreira, Joaquim Cardoso, Carlos Pena Filho e Fernando Pessoa. Eu atuei como músico (violão, cavaquinho e viola caipira), musiquei poemas de poetas consagrados, fui ator, fiz direção musical e tive uma música minha incorporada em um dos espetáculos. Foi minha maior escola de poesia brasileira e portuguesa, na qual pude conhecer  a obra de grandes ourives da palavra em língua portuguesa.

Em 1989, eu fundei, junto de Beto Vieira e Beto Nery o GRUPO DE ANIMAÇÃO CULTURAL DO SESC SANTA RITA , no qual , com mais colaboradores, entre eles Anderson Freire, fizemos  quatro espetáculos de teatro, três deles com textos poéticos dramatizados e musicados. O derradeiro, chamou-se NORDESTE NA MENTE, uma compilação de autores nordestinos de poesia, misturando autores de poesia dita erudita e acadêmica com poetas poesia popular nordestina, como sendo poesia matuta, repente e literatura de cordel. Foi nesse processo criativo e de pesquisa, que através da palestra ministrada por Neném Patriota de São José do Egito, que eu pude conhecer os vates repentistas e poetas da literatura de cordel. Aprendi as formas fixas e me tornei versejador nestes formatos, em 1999, eu publiquei eu primeiro cordel em décimas de dez sílabas “         O TRABALHO DE BRENNAND”, que foi minha estreia como cordelista.

Em 2005, sob coordenação do poeta José Honório, fundamos a UNICORDEL- UNIÃO DOS CORDELISTAS DE PERNAMBUCO, na qual permaneci por três anos. Uma entidade que congregava quase quarenta pessoas entre poetas, declamadores e pesquisadores ligados ao cordel. Produzi com esse povo dois CDs de declamação de cordel e uma coletânea sobre a vida de Luiz Gonzaga, encomendada pelo Memorial Luiz Gonzaga.

Em 2011, eu encenei meu espetáculo de educação ambiental em cordel BICHO HOMEM. Foi o coroamento de anos de aprendizado em poesia, experimentos de música e experiências cênicas. Fizemos muitas apresentações em comunidades, um projeto pra secretaria de educação do Recife visitando dez escolas e duas apresentações para um movimento social ligado à ecologia de viés socialista. Depois fiz, a partir de 2013, em eventos literários do SESC, uma versão para duas pessoas ao lado do poeta Clécio Rimas.

Em 2012, por três anos fiz o projeto QUINTAS DE MÚSICA E POESIA, no Bar Teatro Mamulengo, inicialmente em parceria com o poeta Clécio Rimas, depois incorporando uma trupe enorme de pessoas do mundo da poesia do Recife e região. Juntando um show de música popular com performances declamatórias.

Hoje, ao lado dos poetas e intérpretes Marlos Guedes, Odailta Alves e Valmir Jordão, fazemos o grupo ARTE EM MOVIMENTO DO RECIFE. Ao qual se incorporam a poetisa Mauricea Santana, a cantora Albinha Suliano, a atriz e cantora Suh Amorim entre outros que sempre aparecem e se juntam a nós. Nos apresentamos com mais frequência no CALDO DE BOTECO e na CASA CULTURAL VILLA RITINHA, ambos espaços que ficam na Rua da Soledade na Boa Vista. E assim, essa experiência musical, poética e cênica permanece, e nós estamos em dois espetáculos montados: CLAMOR NEGRO (,produção .autoria e direção de Odailta Alves e INTERLOCUÇÕES POÉTICAS (autoral de Allan Sales, Marlos Guedes e Valmir Jordão, com interpretações de poemas de outros poetas da nossa ancestralidade poética , sempre alinhavados com música autoral e instrumental de violão e viola caipira).

É isso aí meu povo!

ALLAN SALES






segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Entrevista

Poesia de Allan Sales para a ONG Cores do Amanhã

Tirando onda no Mercado da Boa Vista em 2010

Allan Sales com Sílvio no Mercado da Boa Vista

Intolerância

Toda fé é com respeito
Base da cidadania
Mas existe a tirania
De quem fecha seu conceito
Cultuando o preconceito
Beiram à exorbitância
Pois lhes falta consonância
Com a lei que é dominante
Por detrás do intolerante
Tem cobiça e a ignorância

Cultos afro brasileiros
A umbanda e o candomblé
Outras formas de ter fé
Tradição desses terreiros
Os ogãs os batuqueiros
Entre nós tem importância
Tem beleza em abundância
Para nós tão relevante
Por detrás do intolerante
Tem cobiça e a ignorância

Mas se foram perseguidos
No passar de nossa história
Algo de triste memória
Não ficamos esquecidos
Nestes tempos já vividos
O estado em vigilância
Hoje tem a redundância
De algo bem repugnante
Por detrás do intolerante
                        Tem cobiça e a ignorância

depoimento fevereiro

Mostra Ascenso, Mostra Língua - Allan Sales e Ivan Marinho

Glosas em mote de Felipe Jr, por Allan Sales

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

....DIVAGARES....


Este canto profundo que nós temos
Lá bem fundo a mente nossa alcança
Tudo, tudo, aquilo que vivemos
Desde os tempos remotos de criança


Pois saber bem ao certo nós sabemos
O que pode tempestade ou ser bonança
Este porto seguro que queremos
Que mantemos acesa na esperança


As tormentas da vida nos assolam
Lamaçais de emoções que nos atolam
Guerra e paz no seguir duma existência


Cabe a nós ler a carta do caminho
Só por nós divagar, mente e sozinho
Neste poço tão fundo, a consciência



ALLAN SALES

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

PONDO LUZ NA ESCURIDÃO


DEDICADO À MESTRA EM PSICOLOGIA VERINHA MOURA.
                I
A cultura popular
De cordel em poesia
Vem aqui pra comentar
Sobre psiquiatria
Pra contar uma história
Sobre uma trajetória
Cujo tema desafia
                II
Vou falar de uma Maria
Neste mundo tão cruel
Foi menina e foi moça
Foi mulher tudo a granel
Projetou no casamento
Como ápice momento
Sonhos neste carrossel
                III
Amor de lua de mel
Busca de uma verdade
Sublimar de amor carnal
Busca da felicidade
Mas o sonho que acaba
Na real ele desaba
Mostra a realidade
                IV
Enfim a maternidade
Como fruto desse amor
Buscar do seu próprio sonho
Profissão, saber , labor
O machismo abusivo
Ao tornar-se invasivo
Quer lhe desbotar a cor
                V
Invasivo e opressor
Cultivando a amargura
Sonho de se libertar
Foi tachado de loucura
O marido ardiloso
Pôs num ciclo perigoso
Onde diz-se ter a cura
                VI
Ela na sua procura
Teve que “enlouquecer”
Explodiu numa catarse
Na tortura de um sofrer
O marido internaria
Na tal psiquiatria
Onde teve o padecer
                VII
Custou caro pode crer
No inferno mergulhou
Foi dopada fortemente
Doze drogas encarou
E assim o tratamento
O seu entorpecimento
Onde o ego se embotou
                VIII
Amargura não curou
Ante tanta indiferença
Apostando só nas drogas
Com algo que compensa
E nos corredores frios
Nos torpores desvarios
Sua mente já não pensa
                IX
Sua dor interna intensa
Que não enxergou doutor
Toda carga emocional
Nas catarses com furor
Mas a droga todavia
Só embota e alivia
E não cura a real dor
                X
Tudo cinza viu a cor
Por ali entorpecida
A real causa de tudo
Não vista não combatida
Tudo aquilo que tomou
Que só potencializou
Padecer em sua vida
                XI
Sentiu-se agredida
Pela ação de alguns doutores
Que oferecem só prisões
Como um circo de horrores
Que aplacam o efeito
Mas à causa não dão jeito
A real razão das dores
                XII
Sua vida perdeu cores
O seu corpo enrijeceu
Sua fala embolada
Todo tônus que perdeu
Catatônica estava
Com dificuldade andava
Sua filha percebeu
                XIII
 E assim aconteceu
No afeto embotada
E sem orientação
Por aí tão desolada
O seu eu fragmentado
O seu corpo sequelado
Parte da vida roubada
                XIV
Pela filha foi levada
Para outro tratamento
Uma amiga da família
Psicóloga um alento
Uma boa terapeuta
Também fisioterapeuta
Diferente seu intento
                XV
Pois viu que medicamento
Que ela estava impregnada
E tratou de reduzir
O que fora receitada
Com trabalhos corporais
Foram bem fundamentais
E deixar-lhe aliviada
                XVII
Tanta dor ali plantada
Rigidez pra toda ação
E nos três primeiros meses
Grande a transformação
Melhorou dor muscular
Rigidez articular
Que lhe deu outra feição
                XVI
Antes disso ela então
Em sua casa se prostrava
Sem tomar banho de sol
Neste poço se afundava
Em seis meses melhorou
Sua fala que voltou
Como antes que falava
                XVIII
A mulher apresentava
Novo modo salutar
Venceu todas as fobias
Ao se reabilitar
Terapia com afeto
Algo simples bom direto
Que veio lhe resgatar
                XIX
E não mais coisas tomar
Pra embotar a consciência
Ser dopada em excesso
Que até causou demência
Exageros prescrevidos
Superados esquecidos
Que mostrou eficiência
                XX
Os saberes da ciência
A mostrar novo caminho
Cada um de nós um caso
Se tem mente em desalinho
É saber causa primeira
Como Nise da Silveira
Fez com tantos com carinho
                XXI
Correr do modo daninho
Em excesso alopatia
Que aí tantos prescrevem
Prosseguindo nesta via
E buscar alternativa
Ocupacional criativa
Na psicoterapia
                XXII
Embasado em teoria
Seguiremos certamente
Achar ponto de equilíbrio
Modo mais eficiente
E assim em novo plano
Ver ali um ser humano
Muito mais que um paciente
                XXIII
E assim daqui pra frente
Todo questionamento
Sobre real validade
Das formas de internamento
Uma nova experiência
Que mostrou eficiência
Um sucesso em seu intento
                XXIV
A ciência por fomento
O saber em sua ação
Ser humano integral
Consciência nossa então
Coma afetividade
Acolher nova verdade

Pondo luz na escuridão.