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segunda-feira, 29 de abril de 2019
sábado, 6 de abril de 2019
sexta-feira, 5 de abril de 2019
Latifúndio da cultura e a indústria cultural da seca.
Construtores
e mantenedores de uma identidade cultural perversa com apologia ao imobilismo
diante do subdesenvolvimento e discurso acrítico diante da realidade social
desamparada de maior parte da nação nordestina. Glamourização da ignorância e
da miséria humana, leitura perversa do mito do “bom selvagem”.
No
campo da cultura, certos grupos de setores letrados de classe média querem
apropriar-se desses bens culturais criados pelo povo, falam por esse, auto
denominam-se guardiões dessa cultura, instituindo,no dizer de Michel Zaidan, um
verdadeiro mandarinato auto instituído, passando a ditar cânones estéticos,
vetando o diálogo entre outras expressões, e desqualificando todos os que não
se enquadram nos seus feudos culturais por não terem vínculos consangüíneos,
por estarem situados em outros espaços geográficos além e alheios, querem
manter essa pretensa propriedade desses bens dentro das cercas do seu latifúndio
da cultura. “Propriedade exclusiva” de herdeiros dos bens imateriais ancestrais,
fundando e mantendo seus guetos, com tudo de pernicioso que essa forma
relacional traz em si. Auto
referentes, criam uma espécie de etnocentrismo travestido de resistência
cultural, já que não fomentam o desenvolvimento da cultura que propagam além
dos seus pretensos domínios.
No
plano ideológico, majoritariamente não criticam o modelo agrário excludente,
mostram o homem do povo como um “coitadinho”, vítima apenas das inclemências
climáticas, debitando a essas a razão da miséria dominante, choram a seca e não
criticam a cerca latifundiária, entidade com a qual parecem manter um
armistício e conivência. No plano político, legitimam o modelo que só interessa
a oligarquias atrasadas, que vivem de currais eleitorais, não trabalham para
superar o atraso que glamourizam nas peças de bens culturais que criam.
Reproduzem estereótipos construídos e reforçados pela mídia massificadora, uma
forma de conformismo e imobilismo diante de um destino traçado contra o qual
nada há o que fazer. Imobilidade e manutenção do status quo de modelo social
excludente, já que se abstrai a crítica do processo histórico que criou essa
sociedade de referência, que mostram como modelo único e absoluto de identidade
cultural.
Além
disso, querem propor uma inútil separação entre o rural e o urbano que em nada
contribui no diálogo entre as diversas expressões culturais de um país
sincrético em que os valores culturais sempre interagiram e auto influenciaram
ao cabo desses mais de 500 anos de civilização. O samba,por exemplo, hoje
música urbana, tem suas raízes nordestinas e rurais na Bahia, transplantado
para o Rio de Janeiro na migração e ex-escravos que entoavam inicialmente
melodias de toadas de violeiros que eram os primeiros temas sonoros dessa eloqüente
expressão musical brasileira, que evoluiu para a ópera popular dos majestosos
desfiles das escolas de samba. Além disso, o samba ritmicamente simplificado e
temperado com acordes de jazz, deu na bossa nova, um dos mais refinados produtos
musicais brasileiros, que colocou nossa música no patamar da melhor música
popular ocidental, bem além dos domínios do meramente “folclórico”, como nossa
coisas culturais eram normalmente vistas pelos povos dominantes do pós segunda
guerra mundial.
Latifúndio
tem de terra
É
base de uma opressão
Mas
tem a outra versão
Que
muita gente desterra
E
quem assim se aferra
Age
de forma obscura
Tolhendo
coisa futura
Fazendo
mesmos papéis
Dos
da terra coronéis
Latifúndios da cultura
Toda
expressão popular
Atravessou
as fronteiras
Não
se prende por porteiras
Nasceu
pra multiplicar
E
ao mundo impregnar
Essa
é sua procura
Quem
pretende não a mura
Nem
lhe põe em pano preto
Pois
quer faze-la de gueto
Latifúndios da cultura
Salve
o Brasil do plural
Brasil
da diversidade
Construir
nova verdade
Sem
ranço senhorial
De
herança colonial
Sepultar
a impostura
Mandar
para a sepultura
As
vozes da arrogância
Arautos
da intolerância
Latifúndios da cultura
A
cultura desse povo
Não
é sua fazendola
Em
todo canto que rola
Respirando
ar bem novo
É
semente sempre ovo
A
brotar com compostura
Que
cultiva com ternura
É
dela seu defensor
E
sem aval do senhor
Latifúndios da cultura
Quem
é dono da patente
De
fazer uma sextilha?
O
dono da septilha?
Do
galope, que é gente?
Escritura
e o escrevente
Quem
é dono? Que tronchura
Estupidez
não tem cura
Isso
pertence ao Brasil
Vão
pra puta que os pariu
Latifúndios da cultura.
domingo, 6 de janeiro de 2019
sábado, 5 de janeiro de 2019
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